Durante uma reunião de alinhamento de projeto de impermeabilização, a equipe de projeto fez a seguinte pergunta: onde está escrito na norma que é necessário colocar uma camada de impermeabilização maior que 20 cm em boxes de banheiro?
Nós, como projetistas, explicamos que, como os banheiros foram projetados apenas com ventilação mecânica (exaustor), era necessário prever no projeto a subida da impermeabilização, pois teríamos outras fontes de umidade além da água em estado líquido. Em casos como esses, a água na forma de vapor teria um impacto na estanqueidade, por isso o projeto foi pensado até a linha superior do forro.
O que ouvimos?
– Se não está na norma, não vamos fazer, favor modificar o projeto.
E então, devemos fazer o que o cliente pediu ou insistir na especificação?
Atuando há 9 anos com patologia, já presenciei inúmeros casos em que o fato de não estar detalhado na norma não significa que não deva ser considerado na análise do projetista. Percebam que não estou dizendo que a norma técnica não deve ser atendida, o mínimo que devemos fazer como profissionais é seguir a base normativa, mas a experiência adquirida em nossa atuação precisa ser mais valorizada no mercado.
Não é porque a norma é omissa, ou porque permite interpretações dúbias, que devemos assumir o que for mais conveniente para o custo final do processo de construção.
Há inúmeros aspectos que precisam ser pensados e demonstrados na prática no mercado.
O que temos presenciado no mercado é: “mandei o projetista fazer assim e ele não fez, não presta” ou “minha equipe de projeto é incompetente, o custo está ficando absurdo”, tudo isso pelo SIMPLES fato de atenderem normas.
Estou falando da minha percepção, ok?
Mas a impressão que tenho é que o profissionalismo é medido pela quantidade de acatamento (sem questionar) do que eu, como CONTRATANTE, quero. Afinal, meu custo “não previu” uma norma em vigor há mais de 20 anos, então vale mais o meu histórico de assistência técnica feito em uma planilha de Excel, na qual a maioria dos itens constam “está fora da garantia”.
Assim, meus caros, não haverá problemas reais para mostrar o nível de engenharia entregue ao mercado.
Peço desculpas às construtoras que não fazem parte desse grupo, mas alguém precisa falar em nome do consumidor final. Afinal, é ele quem vive diariamente a falta de técnica e engenharia nos setores de engenharia cada vez mais robotizados, fazendo o mínimo e o exigido.
Afinal, se o mercado não cobra, se meus dados não mostram problemas, então eles não existem, não é mesmo?