O trabalho nos fornece mais do que um salário. Nos dá reconhecimento, pertencimento, autoestima e reforço do nosso autoconceito. Pesquisas também mostram que ter uma identidade de trabalho forte (definida como a importância do seu trabalho para quem você é) pode estar vinculado ao seu bem-estar.
Em outras palavras, para algumas pessoas o emprego define mais sobre ela do que qualquer outra coisa.
Mas o que acontece se você perder o emprego?
Estar desempregado é uma experiência difícil, não importa as circunstâncias. Mas quando sua identidade pessoal está fortemente ligada ao seu trabalho, perder esse emprego – mesmo que, não seja por culpa sua, como em uma recessão econômica ou uma reestruturação – pode parecer algo catastrófico, causando uma crise existencial ou o que chamamos de “terremoto de identidade”.
Perder essa âncora ou fonte de segurança, pode ser desestabilizador e fazer você se sentir à deriva no mar. Em casos mais extremos, isso pode fazer você ir além de questionar seu valor e fazer você se sentir indigno ou mesmo inútil. Embora provavelmente leve algum tempo, existem várias maneiras de iniciar o processo de recuperação, e isso envolve até mesmo redefinir seu senso de quem você é.
Estender a mão para velhos amigos
Nossos relacionamentos refletem quem somos. Estar em contato com pessoas que conhece há muito tempo, com quem você ainda está em contato frequente hoje, como um amigo de infância ou um amigo da faculdade, pode fornecer um bom espelho.
Estas são pessoas que “conheciam você quando” — antes de você ser quem você é hoje. Eles viram valor inerente em você “antes”. Conversar com eles pode lembrá-lo de que, além de sua identidade de trabalho, você também é outras coisas, como um amigo leal, um mentor generoso, um tomador de risco ou um pensador criativo.
Teste suas crenças limitantes
Nossa identidade e senso de si, são construções mentais. Quando nos sentimos presos, muitas vezes é porque estamos nos vendo através de uma perspectiva singular, fixa (e muitas vezes improdutiva).
Hoje em dia já sabemos que o pensamento: “Meu valor é o que eu produzo”, não faz muito sentido.
Uma boa forma de conseguir se ver de perspectivas diferentes é fazendo perguntas às pessoas. Talvez a primeira pergunta que você precisa testar com outras pessoas é: “O que você valoriza ou aprecia sobre mim?”Você vai descobrir que as pessoas provavelmente te valorizam por talentos, dons e qualidades que você nem imaginava.
É esperado também que durante essas perguntas que você vai elaborar e fazer, muito provavelmente as respostas tenham pouco a ver com seu trabalho ou função, e atenção, se as pessoas te definem pelo que você “faz” no trabalho, talvez elas não conheçam quem você “é”.
Envolva-se em um conjunto mais amplo de atividades
Enquanto a cultura ocidental é muito fortemente orientada para o trabalho, ainda é possível verificar um crescimento contínuo na valorização do trabalho.
O Dr. Neil Talkoff, um psicanalista com sede nos EUA, compartilhou que “quando estamos investindo demais no trabalho, fazemos isso à custa de outras áreas de nossas vidas onde podemos encontrar significado e propósito”. Estes podem incluir relacionamentos pessoais, hobbies, voluntariado etc.
Envolver-se em um conjunto mais amplo de atividades pode ajudá-lo a estruturar o seu tempo, construir novos relacionamentos, aprofundar os existentes e derivar significado de outras fontes, em última análise diversificando como você se vê e define sua identidade
Imagine seu futuro eu
Nossas identidades não são estáticas. Elas evoluem ao longo do tempo.
Poucas pessoas diziam que são a mesma pessoa que eram há 10 anos. No entanto, temos um viés que pode nos manter presos em uma visão bitolada, onde vemos nossa identidade atual como nossa identidade perpétua.
Reduza seu foco e pergunte a si mesmo: “Quem eu quero ser daqui a 5 a 10 anos?” Ao se concentrar em seu “eu futuro” e quem você quer se tornar, você começa a mudar a sua narrativa de identidade — a história que você conta sobre quem você é.
Isso pode ajudá-lo a se soltar de uma mentalidade fixa sendo preso ao seu estado atual e pode começar a mudar seu comportamento na direção desejada, tornando-o mais proativo e menos reativo. Como qualquer objetivo, você é mais propenso a alcançá-lo se você contar a outras pessoas sobre isso.
Identifique seus valores principais
Um aspecto da nossa identidade que permanece bastante constante ao longo do tempo são os nossos valores fundamentais. Os valores são o que defendemos e consideramos importantes — eles são a essência de quem somos. Estas podem ser coisas como inclusão, integridade, criatividade, autonomia, franqueza.
O que pode mudar ao longo do tempo é como expressamos esses valores e sua importância relativa. Enquanto eles podem ajudá-lo a encontrar significado e realização em seu trabalho, transcendem sua identidade de trabalho e podem ser expressos em muitos contextos fora do trabalho.
É também outra lente para ver a si mesmo. Além disso, os valores podem ser a base a partir da qual explorar outros “eus” possíveis como você contempla o que vem a seguir.
Obtenha suporte
Reexaminar como você analisa sua perda de emprego pode ser um desafio para fazer por conta própria, especialmente quando você está no meio dela, sentindo-se chateado ou devastado.
Obter apoio de um mentor ou terapeuta credenciado pode ajudá-lo a examinar, aprender e avançar com essa experiência com mais sucesso.
Esse processo geralmente leva uma espécie de neutralidade mental e intelectual, de acordo com o Dr. Neil Talkoff, onde um indivíduo pode recuar e olhar para si mesmo mais objetivamente e perguntar: “O que é isso para mim?”
Ele compartilhou que a terapia pode ser especialmente útil para aqueles que experimentam sua perda de emprego como “recriar uma situação que confirma uma convicção negativa profundamente mantida que eles têm sobre si mesmos”, como ser indesejado ou inútil. Ele explica que “ter os pensamentos, observações e perspectivas de outra pessoa pode ajudá-lo a usá-los como ferramentas para criar novas ideias e novas perspectivas por conta própria.” Ao fazê-lo, ao longo do tempo, você pode então começar a se ver e a experiência de sua perda de emprego de forma diferente.
Podemos estar profundamente comprometidos e engajados em nosso trabalho, bem como encontrar significado e afirmação positiva nele. No entanto, somos mais do que nossos empregos.
Perder seu emprego não tem que significar perder quem você é.
Que a força esteja com você!!!