Na primeira semana do mês de agosto de 2022 ocorreu o Congresso Brasileiro de Patologia das Construções, uma associação percursora do tema no Brasil que é gerida pelos principais nomes de profissionais da área.
A ALCONPAT Brasil é um dos braços do estudo das patologias em toda a América Latina, trazendo nomes como Paulo Helene, Enio Pazine, Júlio Timernan, Bernardo Tutikian entre outros e profissionais de peso para o mercado/estudo das patologias das construções.
Nos últimos anos, estamos percebendo uma virada de chave de vários profissionais quando falamos de futuro profissional na engenharia. Assim, a “engenharia diagnóstica” se tornou a grande forma de ganhos financeiros e a salvação para quem ainda não sabe para onde ir. Mas algumas questões estão implicadas nisso, portanto, vamos partir do princípio dessa problematização.
O termo “engenharia diagnóstica” não está errado, não de forma literal, mas ele restringe (muito) a atuação do ramo da engenharia que estuda as patologias. A partir desse nome, a prática se torna delimitada ao diagnóstico das edificações ou dos sistemas construtivos. No entanto, se a denominação busca abranger os processos patológicos em sua completude, na verdade, a nomenclatura certa a ser usada seria Patologia das Construções, na qual estariam inclusos: anamnese, análise, diagnóstico, prognóstico, medida preventivas de desempenho e procedimentos de correção (terapia).
Como você deve ter percebido, se faz necessário esmiuçar sobre os termos técnicos, pois quando somos concebidos ou doutrinados em termos e terminologias erradas, estamos nos estruturando sobre uma base instável, e assim como acontece nas fundações firmadas sobre um solo mal estudado, há grandes riscos de um recalque. Por um lado, já sabemos que alguns casos de recalque na estrutura podem ser resolvidos, mas quando uma das bases da nossa carreira se desestabiliza, não podemos dar essa mesma garantia.
Por consequência dessa discrepância (ou falta de clareza) de definições e atuações, o engenheiro ou arquiteto pode se impressionar com o crescente número de posts e profissionais intitulados “engenheiros diagnósticos”. Em uma análise mais minuciosa, podemos perceber que, em geral, esses profissionais são jovens recém-formados trazendo para si uma bagagem que só pode ser suportada com capacitação e preparação técnica.
Apesar disso, sabemos que o mercado é para todos — não fiquem exaltados — porém, devemos parar para pensar um pouco. Por exemplo, vocês se submeteriam a uma análise clínica de um problema no joelho por um médico que começou a residência há 6 meses? Deixo a resposta para cada um de vocês.
Aos recém formados, não estou fazendo uma exclusão da sua prática, ok? Todavia, estou abordando que são necessários estudo, capacitação, preparo e constante revisão para se obter a experiência e a titulação apropriada. E para isso, infelizmente preciso dizer que o cursinho de extensão não pode fazer por você; de certa forma, ele pode garantir o preparo da sua base, mas não toda a sua estruturação.
Em resumo, esse texto buscou esclarecer uma nomenclatura errada utilizada para falar sobre o ramo das patologias da engenharia e as consequências disso. Por fim, venho levantar um questionamento a todos: será que muitas das coisas que lemos como “informações” não seriam igualmente questionáveis?
Portanto, o aperfeiçoamento profissional e a atualização teórica através de estudos, palestras e eventos devem ser cada vez mais considerados, pois, assim como em qualquer área do conhecimento, as teorias são revisadas e precisamos acompanhá-las para não nos confundirmos sobre o nosso campo de atuação e resultados. Pensemos nisso.