O dia em que fui sardinha

Compartilhe esse post

O dia em que fui sardinha

Há alguns anos, talvez 6 ou 7, eu era um jovem que não sabia absolutamente nada sobre mercado de ações, Bovespa, opções, derivativos etc. Só conhecia bem algumas coisas de renda fixa, como a poupança e a saudosa LCI do Banco do Brasil que pagava 80% do CDI.

Não era nenhum investimento sofisticado, mas foi usando esses dois produtos que comecei a guardar algum dinheiro e consegui, junto com a minha esposa, pagar nosso casamento, mobiliar a casa e bancar a lua-de-mel.

Com o tempo comecei a me aprofundar, lendo os artigos de sites como o Clube do Pai Rico, o Dinheirama e o Clube dos Poupadores, tentando entender melhor os outros tipos de investimentos.

Até que conheci eles, o pessoal daquela famosa casa de análise e seu marketing agressivo, digamos assim.

Então, por um misto de ingenuidade e curiosidade, comecei a assinar as newsletters da casa de análise.

Foi aí que me desviei.

Meu e-mail virou um mar de promoções, ofertas e dicas prometendo riqueza em pouco tempo, ensinando a transformar mil reais em 200 mil, e outras coisas do tipo.

Resisti o quanto foi possível, mas tal qual um marinheiro não resiste ao canto da sereia, um investidor novato não resiste a promessa de dinheiro fácil, de multiplicação da riqueza, ali na sua frente, a poucos cliques de distância.

Então fiz a besteira de assinar um dos pacotes de análise. Pensei comigo que, se não gostasse, poderia desistir dentro dos 30 dias de garantia, e ficaria tudo bem.

O pacote que assinei era sobre estratégia com opções. E eu não fazia ideia do que eram opções. Mas o ingênuo decidiu arriscar.

Eis que aparece a primeira indicação. Comprei e vendi como mandava a dica, e consegui um bom rendimento.

E vieram outras recomendações. E continuei obtendo ganhos interessantes.

Então decidi continuar além dos 30 dias, e foi aí que a coisa desandou.

Por burrice e falta de conhecimento minha, colocava todo o dinheiro que eu tinha destinado para opções em uma única dica. Lógico, não conhecia nada sobre controle de riscos, alocação de ativos.

E então, a indicação não deu certo, e perdi todo o capital que tinha disponibilizado para opções.

Para piorar, tinha que continuar pagando a assinatura por 12 meses, mesmo sem poder usar.

Logo, perdi dinheiro nas opções e também na assinatura.

Pelo menos entendi que eu tinha perdido, coloquei uma pedra no assunto e segui a vida.

Mas até hoje assino a newsletter da casa de análise, para me lembrar de como fui burro àquela época, e não voltar a repetir a besteira que fiz.

CONCLUSÃO

Podemos tirar algumas lições básicas sobre investimentos desse meu relato:

  • não invista naquilo que você não conhece;
  • não acredite cegamente em analistas, jornalistas e qualquer outra fonte de informação. Eles erram, e erram bastante;
  • gerencie os riscos, não colocando todos os ovos na mesma cesta; e
  • sempre desconfie de grandes oportunidades de investimento que são oferecidas por amigos, parentes e empresas, com um marketing muito agressivo.

Então, se você está começando agora, estude bastante e entre aos poucos nos ativos. Não faça como eu fiz. Aprender com os erros dos outros é sabedoria.

O burro nunca aprende, o inteligente aprende com sua própria experiência e o sábio aprende com a experiência dos outros.

E apenas para ficar claro: a culpa não foi da empresa. A responsabilidade foi unicamente minha, que investi em algo sem entender como funcionava, e coloquei dinheiro em algo que não entendia.