O manual de uso e operação dos empreendimentos residenciais e comerciais apresenta uma série de manutenções que precisam ser realizadas por parte do condomínio, tendo como objetivo a garantia do funcionamento do sistema construtivo, conforme o desempenho inicialmente previsto no projeto/planejamento.
Pois bem. Foi feito o manual com pontos bem descritos, todas as obrigações do condomínio bem definidas, mas… e aí, construtor? Você pensou em acessos seguros para os prestadores de serviço? Houve um planejamento e um projeto voltados para o acesso seguro? Para instalação de cinto de segurança? Barramento em partes vivas? Ou uma boa identificação dos itens?
A falta de recursos para a manutenção das áreas, interfere diretamente na durabilidade, no funcionamento dos sistemas construtivos e na segurança dos usuários. E de quem será essa responsabilidade?
Isso será considerado um vício de construção? Quem vai pagar a conta ao final?
Esse é um grande motivo da quantidade exorbitante de processos, pois, muitas vezes, não se pensa na necessidade de definição de responsabilidades.
Seria muito mais simples se cada um fizesse bem feito a sua etapa, não é mesmo?
Uma situação desagradável, mas que serve de exemplo, ocorreu comigo hoje. Ao acessar um telhado de um prédio residencial, saí de lá com os braços arranhados, com uma parte da calça furada, e com o cabelo todo emaranhado e cheio de poeira e teias de aranha. Isso porque uma simples escada não foi pensada para acesso ao telhado.
Além disso, a laje não possuía nenhum tipo de acabamento superficial, para circular neste ambiente era preciso se abaixar, e literalmente engatinhar… sem falar nas partes metálicas do engradamento do telhado que não foram pintadas e possuíam várias partes vivas que podiam ferir quem passasse pelo local.
Você acha que esse é um caso isolado?
Sinto te informar que não!
Posso afirmar que de 10 condomínios vistoriados/inspecionados , cerca de 8 apresentam problemas bem parecidos.
A cada 10 condomínios vistoriados/inspecionados, 8 apresentam falhas relacionadas ao planejamento e projeto para a manutenção dos sistemas construtivos que abrangem um empreendimento, seja residencial ou comercial.
Diante de questões como essa, devemos refletir sobre a nossa postura e a proporção entre o que temos feito, e o que costumamos cobrar.
Queremos mudar a engenharia, reduzir processos, alterar o comportamento do consumidor, mas ainda falhamos no básico, no projeto!
As premissas de funcionalidade e manutenibilidade devem ter como ponto de partida um bom planejamento e bons projetos.
O ato de prever espaços e recursos seguros de acesso a cada ambiente é, no mínimo, fazer uma engenharia responsável e atenta ao cliente, este que, embora seja responsável por manter e cuidar do seu empreendimento, não conseguirá fazê-lo sem, ao menos, conseguir adentrar nas áreas com condições mínimas de circulação e permanência. Pense nisso!