Tem sido recorrente postagens no Linkedin de profissionais compartilhando sua condição atual de desemprego. Muitos expõe suas dificuldades de conseguir um novo emprego formal, outros relatam que o desemprego tem assolado suas vidas por anos.
Veja bem, não sou insensível e nem mesmo estou criticando, sei que são situações difíceis. Contudo, esse comportamento pode não ser a melhor forma de exposição. Por mais que entenda, que em momentos de desespero medidas não muito indicadas podem ser uma “luz no fim do túnel.”
É preciso lembrar que o Linkedin não é o muro das lamentações.
Então o que devemos fazer quando o desemprego nos assola, as contas não param de chegar e o desespero e o medo já tomaram conta de nós?
Primeiro passo: Pare
Quando digo isso, normalmente as pessoas ficam espantadas, mas deixe-me trazer um pouco de luz.
Se você tem procurado emprego há anos de forma errada, continuar fazendo de forma errada não vai te levar à lugar nenhum. Então o primeiro passo é parar.
Segundo passo: Deixe o vitimismo de lado
Na prática, as empresas não te conhecem e não tem nada contra você.
Talvez alguns recrutadores realmente estejam cansados de ver o seu currículo aplicado para vagas que você não tem aderência, mas isso não significa que te odeiam ou que não vão dar a chance para você.
É verdade que as empresas precisam melhorar significativamente o processo de feedback delas a candidatos não aprovados, mas hoje estamos falando de você e não delas.
Entenda que você é ótimo, sua história de vida é importante, você tem seus méritos, mas você precisa ser qualificado. E quando eu falo “ser” observe que não digo “estar”. Ser qualificado significa que você realmente sabe, domina e entende dos assuntos que diz entender.
Algo muito comum em profissionais que não conseguem emprego é questionar “como aquela pessoa que não tem “XPTO” formações como “eu” conseguiu o emprego e eu continuo desempregado?” Não faça isso.
Você deve parar e analisar pessoas de destaque em sua área de atuação e entender o que elas fazem, estudam e como agem e copiar aquilo que dá certo e obviamente desenvolver habilidades e comportamentos melhores. Em outras palavras, você precisa elevar seus padrões de referência profissional.
É verdade que seu currículo possa ser excelente e mesmo assim não conseguir passar de fase nos processos, mas a gente vai chegar lá.
Terceiro passo: Autoanálise
Já tratamos desse assunto aqui na revista, mas quero falar rapidamente sobre isso de novo.
Você se conhece? Não estou falando sobre seu nome, idade e endereço, se conhecer é um processo, muitas vezes longo e que exige tempo e dedicação.
Quais são seus gostos? O que você aceita e o que não aceita de jeito nenhum? Quais são os valores que busca em uma empresa? O quão importante o dinheiro é para sua realização pessoal?
Essas e outras perguntas precisam ser respondidas com uma certa frequência para você mesmo.
Sem esse autoconhecimento, dificilmente você obterá sucesso (na forma de alegria) em sua carreira. Normalmente você se envolverá em trabalhos pouco gratificantes porque você não tem aderência.
Quarto passo: Desenvolva soft skills
Pode parecer um papo de outra galáxia, mas as habilidades interpessoais são mais importantes hoje em dia do que as habilidades técnicas.
Obviamente você precisa ter habilidades técnicas, mas como disse Tales Gomes (Fundador da Easy Taxi e Singu)
“É melhor trabalhar com um incompetente que deseje aprender do que com um gênio arrogante”
Desenvolver soft skills é mais difícil do que parece, mas não é impossível, requer dedicação, paciência e muito esforço.
Encontre bons livros sobre assuntos específicos, os estude, tente mudar seus hábitos e veja a diferença acontecer. Ao invés de gastar seu tempo vendo vídeos improdutivos no Youtube, busque conteúdo relevante e que te ajudarão nesse processo.
Quinto passo: Faça um currículo descente
É, isso mesmo, descente.
Mas o que seria um currículo descente, existe um modelo?
Não. O que existe é bom senso.
Informações coesas, organizadas, currículo chamativo, mas não abstrato que seja de fácil compreensão. Simples ou inovador, seu currículo precisa ser funcional.
Se for muito simples, pode indicar falta de criatividade e até preguiça, se for muito cheio de informações desconexas pode ficar confuso. A velha máxima ainda vale “os recrutadores tem pouco tempo para analisar seu currículo, ou chama atenção de cara ou perde a vaga de cara.”
Lembre-se de que seu currículo precisa ser otimizado de forma que as inteligências artificiais dessas grandes empresas e plataformas consigam identificar nele o que buscam.
Talvez como disse lá trás, você seja ótimo(a) mas não consegue passar nas etapas dos processos, por que no meio de 50 mil currículos a inteligência artificial não consegue ler (adivinha?) o seu.
Sexto passo: Tenha mais de um modelo de currículo
Pois é, mais trabalho para conseguir um trabalho.
Talvez você seja um profissional com diversas habilidades e que se encaixa em alguns setores diferentes. Por exemplo, você pode ser um(a) engenheiro(a) e querer trabalhar em sua área específica, mas também pode se aventurar na área de gestão; se a situação for parecida com essa, crie dois currículos diferentes (ou mais se for necessário), cada currículo deve constar as habilidades interpessoais e técnicas que são mais relevantes para área/vaga desejada.
Fazer isso com certeza te ajudará no terceiro passo, você terá de obrigatoriamente refletir sobre seus pontos positivos, vai reconhecer seus pontos fracos e terá como estabelecer metas para melhorar, além de ter um currículo sempre atualizado.
Sétimo passo: Crie uma carta de apresentação, descente
Ninguém é obrigado a conhecer você, então uma carta de apresentação vai muito bem. Ela precisa ser objetiva, destacar seus pontos fortes, demonstrar sua experiência e escolaridade.
Lembre-se as pessoas não tem tempo e não estão dispostas a perder mais de 3 minutos lendo uma carta de apresentação. Aprenda a se vender.
Uma boa carta de apresentação passa por um bom nível de autoconhecimento.
Oitavo passo: Tenha um perfil campeão (de verdade) no LinkedIn
Estima-se que 60% das vagas disponíveis estão divulgadas na Internet e que desses 60%, 80% estão no LinkedIn.
O seu perfil vai falar mais sobre você para um recrutador do que seu currículo e/ou carta de apresentação.
Lembre-se de usar o LinkedIn da forma certa, não é Instagram, não é Facebook e muito menos Twitter. Seja profissional, estabeleça sua marca pessoal e exercite seu networking.
Nono passo: Exercite seu networking
Vai lá, chama o povo para conversar.
Se disponha a ouvir atentamente histórias, problemas e sucessos de pessoas que você *ainda* não tem um relacionamento concreto.
Provoque conversas pelo LinkedIn sobre carreira, chame pessoas (quando isso for possível novamente) para conversar enquanto comem algo. Você vai descobrir que o Networking é a melhor ferramenta para se recolocar no mercado de trabalho.
As pessoas são mais empáticas com aqueles que conhecem, então as conheça. Você vai se surpreender com a quantidade de vagas e oportunidades que vão surgir, simplesmente por se relacionar de forma positiva, com interesse genuíno nas pessoas e em suas histórias.
Não são passos de uma receita de bolo ou de “o emprego garantido”, mas tenho certeza de que nessa galáxia esses passos vão te ajudar a chegar mais perto do emprego tão desejado.
Faça como o Shrek, pé na porta e peito aberto para enfrentar o mundo, com resiliência, determinação e com as ferramentas certas.
Como ensinou o mestre Obi-Wan kenobi:
“Não deixe seus sentimentos pessoais atrapalharem seu caminho.”
Mantenha o foco, mantenha a fé.
Que a força esteja com você.