Miliohmímetro é diferente de terrômetro

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Miliohmímetro é diferente de terrômetro

Estou revisitando este artigo publicado há algum tempo e, mesmo após anos, o problema continua o mesmo e muitos ainda não se deram conta do que estão fazendo.

Como na maioria dos casos, já passou por minhas mãos inúmeros relatórios técnicos de inspeção da PDA – Proteção contra Descargas Atmosféricas, mas vamos falar especificamente do SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas, que por sinal, ainda é o mais analisado.

Nestes relatórios, quando na capa já aparece que o modelo de equipamento utilizado nas medições é incompatível, já penso comigo: “Lá vem bomba, mais um aventureiro”.

Não podemos ter receio de falar sobre isso, nem por represália ou perseguição, está errado e ponto final; não tem essa de passar a “flanela” e achar que está tudo certo e funcionando na mais perfeita ordem, porque não está!

Utilizar equipamento incompatível:

  • induz ao erro;
  • erro gera risco de acidentes;
  • acidentes geram sequelas permanentes ou mortes;
  • mortes geram perícias e processos;
  • perícias e processos geram desgastes para ambos os lados, e quem fica no prejuízo é o contratante.

Já comentei em outros artigos que ter em mãos o projeto estrutural do prédio antes de qualquer quebra de pilar é muito importante. Analisando o projeto previamente você consegue entender se há ou não a possibilidade de utilizar as ferragens do prédio como subsistemas de descidas.

Para estes testes, o terrômetro não está de acordo, principalmente quando se usa alicate terrômetro; tem muita gente conectando o alicate à gaiola, achando que está fazendo algo correto, medindo continuidade de malha ou até de pilar; então, se em seu relatório aparecer isso já sabe, está errado.

Aliás, em SPDA, o terrômetro está em desuso faz tempo, não existem mais aterramentos pontuais, todos precisam estar interligados à malha em caso descidas externas ou suas conexões já estruturais.

Como descrito no anexo F, item F.2.3.2, “A medição deve ser realizada com aparelhos que forneçam corrente elétrica entre 1 A e 10 A, com frequência diferente de 60 Hz e seus múltiplos. Importante notar que a corrente utilizada deve ser suficiente para garantir precisão no resultado sem danificar as armaduras. No caso da primeira verificação, pode-se admitir que a continuidade das armaduras é aceitável, se os valores medidos para trechos semelhantes forem da mesma ordem de grandeza e inferiores a 1 Ω.”

Outro detalhe que devemos ter em mente, é que não são apenas os testes “Base x Topo”, são necessários testes cruzados, muito bem especificados em normas, além dos testes separados da parte superior e outro só do inferior da edificação.

Outro ponto que deve ser bem observado, é a periodicidade da calibração anual do aparelho, para que não sofra interferências neste processo, o que mais uma vez, pode dar a sensação de funcionabilidade da estrutura e isso não ser verídico.

Além disso, a manutenção dos cabos, garras e plugues precisam estar em perfeitas condições também. Já vi relatórios com cabos ligados direto à entrada P1, por exemplo, sem o plugue “banana”.

Lembre-se:

Terrômetro tem outra finalidade agora, principalmente medir resistência de solo, não mais aterramentos pontuais do SPDA.

Contrate sempre um profissional experiente e, na dúvida, um especialista documental para realizar esta análise.