Artigo por Diego Carbonell.
Ao considerarmos o universo da manutenção, se mencionarmos siglas como CMI, HVAC, AVCB, QDL ou PMOC, certamente estaríamos adentrando em uma esfera amplamente dominada por um Engenheiro, por um Facility manager, ou pelos demais profissionais especialistas que atuam em operações de infraestrutura em unidades prediais.
Porém, se as siglas passam a ser outras, como QA, Dev, SQL, API ou SSL, de pronto teríamos uma grande interrogação no significado delas para boa parte desses mesmos profissionais.
E é essa mesma dúvida, esse mesmo desconhecimento, que surge na cabeça dos CEOs, diretores, heads e demais gestores de empresas da área de tecnologia, quando os profissionais responsáveis pelas manutenções trazem à tona as preventivas e preditivas, necessárias para continuidade do bom funcionamento de uma unidade, e as desagradáveis corretivas, oriundas de situações não planejadas e normalmente com custos elevados, nem sempre compreendidas e estimadas no orçamento de uma empresa desse setor.
Considerando esse cenário, é importante que os profissionais responsáveis pelas manutenções, principalmente quando falamos em empresas de tech, estejam sempre preparados para justificar e argumentar, com fundamento, as necessidades de uma efetiva e completa manutenção predial.
Quando falamos em preventivas, informações como o custo de possíveis corretivas no equipamento e outros custos indiretos com a parada repentina de sistemas, podendo prejudicar uma determinada squad ou até mesmo toda a empresa, são fundamentais para serem “colocadas na mesa”.
Além disso, é fundamental salientar a importância do equipamento ou sistema mencionado, o relacionando com a operação de áreas relevantes para o cumprimento dos objetivos estabelecidos pela organização. São essas informações que irão assegurar a tomada de decisão do gestor, dando a ele confiança de que aquele recurso solicitado será empregado em uma real necessidade, evitando prováveis passivos futuros, oriundos de problemas nas instalações.
Também podemos seguir a mesma linha de abordagem para as preditivas. Contudo, há um fator fundamental que deve ser considerado nesse tipo de manutenção, por ser classificada como monitoramentos de rotina, que é a cultura da empresa.
Quando falamos de uma empresa que já tem como parte de sua cultura a melhor experiência para o colaborador, segurança como total prioridade no ambiente de trabalho, e a própria alta direção solicita relatórios de manutenção para atestar o bom funcionamento de suas instalações, ou seja, mostra-se preocupada em ter um workplace de alto nível, o planejamento das preditivas certamente será aprovado com maior facilidade. Entretanto, se considerarmos uma gestão que se apoia no fato de que, já que o funcionamento atual se encontra perfeito, não há necessidade de manutenção, temos nesse posicionamento um problema.
Nesse momento, é importante que sejam considerados relatórios técnicos, elaborados por profissionais internos ou por empresas externas, com informações claras que demonstrem que, apesar do bom funcionamento atual, as manutenções são necessárias, seja para monitoramento de possíveis imprevistos, ou até mesmo pela relevância de determinado equipamento, tanto pelo alto custo de reposição do mesmo, como também pela importância desse para as operações da companhia.
Do mesmo modo, é recomendável que, aliado a esses relatórios técnicos, seja com ações em parceria com o time de marketing, ou até mesmo de TI, pelo know how em sistemas de tech, seja difundida amplamente uma conscientização sobre cuidados com os equipamentos, bem como sobre a necessidade de manutenção, adentrando assim, aos poucos, com essa temática no dia a dia dos colaboradores e, consequentemente, na cultura da empresa.
Por último, mas não menos importante – ainda que mais temida – as manutenções corretivas que, até mesmo considerando equipamentos com alto índice de preventivas e corretivas, podem ser necessárias e devem estar previstas, por prudência, no orçamento da empresa.
Seja por omissão, pela falta de zelo com a estrutura, por mau uso, ou até mesmo por não ser a área de interesse principal da empresa, as manutenções corretivas, que são efetuadas após a ocorrência de uma falha ou pane, em geral são mais custosas, visto que, além do valor despendido na própria correção para recolocar o equipamento em boas condições novamente, há outros reflexos financeiros originados pela inoperância de um determinado sistema, que podem ir desde um único colaborador impossibilitado de realizar suas tarefas, mas também centenas ou milhares na mesma situação.
Pode também, a considerar o grau da falha, atingir as operações de clientes externos, dependentes de determinado serviço, que também terão prejuízos, os quais podem ser repassados para a empresa causadora, em decorrência da responsabilidade da falha ocorrida. Ainda considerando esse último caso, há também de ser levado em conta a depreciação do nome da empresa, que, a depender da constância dessas falhas, pode passar a não ser bem vista, deixando de ser confiável para outros players no mercado.
Nesse caso, para minimizar os danos, além da provisão orçamentária, é importante que um corpo técnico preparado tenha consigo um controle dos equipamentos e sistemas críticos, com planos de ação para pronta recuperação desses em caso de falha ou qualquer outro incidente.
Ou seja, deve haver uma escala de priorização na criticidade do equipamento e, com base nessa escala, ter consigo as respostas ou o apoio de profissionais e empresas que possuam meios de solucionar problemas que surjam nesses sistemas críticos.
Em suma, o importante é que, de maneira didática, possamos sempre conscientizar as lideranças da importância da manutenção predial. Utilize-se de relatórios técnicos para o embasamento, mas, acima de tudo, utilize o seu conhecimento e relacionamento para fazer com que essa informação seja entendida, levada em consideração e replicada para outros colaboradores.
Faça com que a cultura de excelência adotada nas entregas dos squads de tech seja também uma cultura do seu setor.
Assuma a responsabilidade através de ações e práticas que incentivem o entendimento da importância da manutenção nas ações diárias de todos os colaboradores da empresa.
Seja recorrente nessa prática, agindo de maneira massiva com possíveis “pílulas” diárias ou semanais de informações relacionadas a equipamentos, manutenções e suas benéfices. Tenha certeza que, feito isso, você terá barreiras muito menores para realizar as devidas manutenções e evitar assim um bug no sistema da área pela qual é responsável.