Certa vez, eu estava tranquilamente lavando as minhas roupas após voltar de uma viagem. E como de costume, separei as roupas por cor, para não manchá-las.
Usei o sabão indicado para cada cor de peça, utilizei a quantidade adequada de amaciante e adequei a temperatura para ajudar a tirar as manchas deixadas pela terra vermelha de Ribeirão Preto. Enfim, procedimentos rotineiros de lavagem.
Contudo, passado algum tempo, ao voltar para a área de serviço, deparei com mais água na cozinha e na área de serviço, do que na máquina.
Então fiquei pensando sobre o que eu tinha feito de errado durante o processo, e a resposta foi simples e vergonhosa: não fiz as manutenções recomendadas pelo fabricante.
O filtro de lavagem estava obstruído com pedaços de tecido, amaciante e sabão, que não foram retirados antes de executar a lavagem. Ao ler o manual da máquina, vi a periodicidade de manutenção indicada pelo fabricante.
Desse modo, pude relacionar o erro mais comum entre os consumidores que é: não ler as indicações de uso e de manutenção.
Não adiantava eu ligar brava para a empresa fornecedora, afinal, a garantia tem como preceito básico a realização efetiva das manutenções, e do uso de produtos indicados. Logo, quando não atendo tais parâmetros, não cabe à minha pessoa reclamar, mas sim apenas pagar mais caro pelo erro de não ter lido um documento simples.
Em contrapartida, sei que, certamente, muitos vão afirmar que hoje em dia as coisas duram bem menos do que antes, que existe uma obsolescência programada
Porém, se você perguntar para pessoas de 60 a 80 anos, elas poderão dizer que, em outros tempos, era comum a prática da manutenção, e quando fosse necessária, a troca pontual de peças, e isso provavelmente se deve ao comportamento de zelo com as coisas, visto que as novidades demoravam um pouco mais para surgirem, e também muitos desses itens eram mais onerosos e com escassa disponibilidade. Nesse caso (e em todos na verdade), era melhor cuidar para durar.
Assim como a máquina de lavar, tudo precisa de manutenção, não apenas para garantir a durabilidade e o uso, mas também para não ter gastos desnecessários, nem a necessidade da troca do produto em um curto período de tempo e uso.
Quando olhamos sob a mesma ótica para os imóveis e os sistemas construtivos que os integram. Os custos de manutenção corretiva, devido à ausência de tratativas preventivas, podem trazer prejuízos econômicos de grande escala, além de transtornos para habitabilidade.
Contudo, há um método prático e eficaz de planejar e programar técnica e financeiramente as manutenções: o plano de manutenção.
O plano de manutenção é parte integrante da inspeção predial, pelo qual um profissional habilitado e com conhecimento específico da área determinará, através de uma avaliação multidisciplinar, as intervenções necessárias para a melhoria do empreendimento.
No entanto, é bom frisar que somente pelo fato de ser engenheiro ou arquiteto não enquadra o profissional como especialista. Assim como na medicina, atuar em algumas áreas requer conhecimento específico, comprovação e experiência, até porque não podemos “fazer de cobaia” as edificações de outras pessoas (esse é o meu ponto de vista).
Em síntese, ao efetuar todos os cuidados, e com o plano de manutenção em dia, será possível garantir o bom funcionamento das estruturas e fazê-las durar tanto quanto aquelas de um empreendimento antigo, que resiste intacto por muitos anos. Embora ele não seja eterno, visto que cada elemento apresenta uma vida útil determinada.
Apesar da facilidade de aquisição que o consumismo preconiza. Que sejamos sensatos ao escolher cuidar dos nossos imóveis, que façamos um check-up periodicamente para atestar a resistência da edificação através das manutenções e inspeções técnicas.
De maneira análoga à forma como lidamos com a nossa saúde, que sigamos aquela máxima que diz “é melhor prevenir do que remediar” ou nesse caso, substituir, enquanto ainda há alternativa de recuperação.