Inspeções de SPDA

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Inspeções de SPDA

Este artigo, praticamente é um tutorial para quem atua com a vistoria de Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), um norte não perfeito, pois todos os dias aprendemos com estudo e dedicação; corrigimos os erros cometidos no passado por uma interpretação errada, mas o principal, este eu tenho o prazer em compartilhar com vocês, afinal, se queremos instalações mais seguras, elas dependem de quem está na linha de frente.

Antes, responda para si mesmo: você acha que em uma hora consegue realizar todas as análises em um prédio residencial, referindo-me a apenas um bloco?

Veja, sem realizar os testes de continuidade das ferragens ou malha, apenas o levantamento visual e fotográfico, você consegue?

Além disso, aguardar ser anunciado, subir e descer elevadores e escadas, fechar portas, em alguns casos afastar telhas, entrar em cubículos, acessar casa de máquinas, centro de medição, ver quadro por quadro, aguardar a liberação da portaria se o acesso for remoto ou tiver um forte esquema de segurança, colocar equipamentos de segurança individual, o EPI.

Bom, em meu início de carreira, a empresa me pedia o máximo possível de vistorias, eu usava o transporte público e dependendo da região, tinha que ter quantidade, isso gerava em torno de sete visitas diárias na mesma região, mas houve casos em que eu andava as cinco regiões de SP (Leste, Oeste, Norte, Sul e Centro), mas procurava fazer o melhor, entretanto, o meu braço direito era a quantidade de fotos tiradas, o que me ajudava nos relatórios administrativos para a empresa à qual eu estava.

Mas vamos falar da ordem destas inspeções e o que devemos realizar para que o trabalho seja bem feito e com o mínimo de erros possíveis.

  1. Checar a documentação.
  2. Projeto.
  3. Gerenciamento de Risco (GR).
  4. Teste de resistividade do solo, (necessário em alguns casos e conforme análise do GR).
  5. Laudo ou relatório anterior com a sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).
  6. “As-built”, com detalhes dos materiais, especificações, posicionamento interno e externo.
  7. Testes de continuidade de malha, estrutura, bem como: aparelho utilizado, série, data de aferição e validade.

Muitas vezes, vemos o único documento entregue por um prestador de serviços referente o sistema de para-raios em um prédio, ou seja, sem todos os requisitos mínimos listados e, principalmente, sem o responsável técnico pela execução do serviço.

  • Vistoria do subsistema de captação.
  • Mastros.
  • Gaiola (Sistema de malha superior).
  • Aterramentos e equipotencializações.
  • Subsistemas de descidas, sendo internas, externas ou mistas.
  • Casa de máquinas.
  • Análise dos quadros e quais as suas características para a instalação de um Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS).

Na imagem 1, a atual situação de um quadro elétrico na casa de máquinas de elevadores, necessitando de uma intervenção urgente.

Imagem 1 – Quadro de elevador

  • Vistoria no térreo.
  • Aterramento de gradis.
  • Abrigo de cilindros do gás.
  • Gerador (caso exista).
  • Isoladores de descidas externas.
  • Tubulações de gás.
  • Vistoria no subsolo.
  • Aterramentos.
  • Caixas de inspeção.
  • Malhas.
  • Barramentos de equipotencialização (BEP / BEL).
  • Quadros de energia.
  • Portaria.
  • Centro de medição.
  • Central de câmeras, alarmes, bomba de incêndio.
  • Quadros auxiliares de distribuição.

Ater-se somente à NBR 5419:2015?

Não, pois existem normas auxiliares, inclusive a recente ABNT NBR 16384:2020 – Segurança em Eletricidade, que fala sobre a necessidade em ter todos os documentos guardados para análises futuras, isso serve inclusive em caso de alguma consulta ser necessária se um acidente ou incidente ocorrer na edificação.

Esta norma nos deixa claro os seguintes itens:

Item 4.7.3, alínea G) – Desenhos do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA)

Item 4.7.4, alínea G) – Especificação do PDA;

Item 4.7.5, alínea A) – Relatório de vistoria e inspeção do PDA.

Já a NBR 5419:2015 – Proteção contra Descargas Atmosféricas, que rege de fato estas instalações, diz em sua parte 3, item 7, subitem 7.5.1, “A seguinte documentação técnica deve ser mantida no local, ou em poder dos responsáveis pela manutenção do SPDA.”

Isso já está bem descrito no início deste artigo, onde fora destrinchado o assunto.

Mas é apenas isso que devemos analisar?

Não, existem outras questões que precisam ser cuidadosamente levantadas, nessa, vamos ao encontro com outras normas da ABNT, são elas:

  1. NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão.
  2. NBR 6323 – Galvanização de Produtos de Aço ou Ferro Fundido.
  3. NBR 6524 – Fios e cabos de cobre duro e meio duro.
  4. NBR 13571 – Hastes de Aterramento Aço-Cobreado e Acessórios.
  5. NBR 16785 – Sistemas de Alertas de Tempestades Elétricas.
  6. NBR 16690 – Sistemas Fotovoltaicos – Generalidades, sobretensão transitória, cabeamento, aterramento e equipotencialização.
  7. ABNT NBR IEC 60079 – Atmosferas Explosivas – Partes 10-1 | 10-2 | 14.

Profissionais da área, como: engenheiros, técnicos ou assistentes, precisam ir além das imagens captadas; temos o dever e obrigação em estudar e se qualificar, ficando atento às mudanças, aos cursos e não apenas ler tais normas em parágrafos isolados, mas também colocá-las em prática no nosso dia a dia e entender o contexto de cada situação.

Não se aventure em algo que compete a outro, pois há prejuízos enormes para a sociedade que fica à mercê de instalações em não conformidade e um prejuízo enorme para os profissionais que atuam dentro das rigorosas especificações normativas.

Texto original publicado pelo autor em 2020 no Universo Lambda.