Compras Sustentáveis

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Compras Sustentáveis

O mundo anda cada vez mais ligado quanto as questões sociais e ambientais como pudemos observar nos compromissos firmados pelos governos e grandes empresas na última COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), realizada em Glasgow, na Escócia, para as reduções nas emissões de gás carbônico e a inclusão da diversidade dentro do sistema empresarial e socioeconômico.

Para se alcançar esses objetivos toda a cadeia produtiva precisa focar nas boas práticas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), principalmente nas chamadas “Compras Sustentáveis”.

Neste momento em que ainda vivemos os reflexos da pandemia, temos uma grande oportunidade para buscar novos fornecedores. Acredito que além disso podemos ajudar a desenvolver fornecedores locais, pequenos e médios, para assim suprir as necessidades e demandas das empresas. Um exemplo claro é o EPI (Equipamento de Proteção Individual), como as máscaras individuais, que apresenta uma chance clara de se comprar de pequenos fornecedores, garantido a eles renda, gerando empregos e alimentando toda uma cadeia social em volta da empresa, que beneficia a cidade, o Estado e o país.

Vou explicar melhor o que é uma compra sustentável focada nas questões sociais, parece bastante simples, mas é necessário observar vários aspectos e processos desenvolvidos dentro da empresa. Em boa parte dos casos é preciso redesenhar todo o sistema de Compras enraizado na corporação para buscar fornecedores pequenos ou médios, locais ou regionais, e dessa forma apoiar o seu desenvolvimento e fomentar o micromercado.

Para as Compras Sustentáveis é preciso ter o apoio da alta direção, do jurídico e principalmente da área de Facilities, muitas vezes o principal gestor dos contratos de serviços e produtos. A área de FM possivelmente terá mais aderência as questões sociais e de sustentabilidade, sendo responsável por identificar e apresentar uma série de oportunidades, como por exemplo: fornecedores de logística; de serviços de manutenção; limpeza; tratamento de água; jardinagem; suprimentos; mão de obra especializada entre outros.

Existem outras áreas como Marketing, TI e RH, que implantam projetos de diversidade nas organizações atuando com fornecedores que seguem a mesma linha.

Para podermos realizar uma compra sustentável, o 1º passo, é ter a mente e coração abertos, pois teremos que fugir dos procedimentos normais, principalmente no que se refere ao cadastro de fornecedores e homologação. Precisamos “quebrar” algumas exigências e temos que fazer um processo semelhante ao do acordo com uma Startup, utilizando uma maior flexibilidade nas regras de contratação e, muitas vezes, necessitando realizar um trabalho de treinamento e capacitação voltados para as questões de compliance e LGPD.

Feito isto, temos que, junto as áreas demandantes como a de FM, fazer uma divisão do volume de serviços e produtos, mantendo boa parte com os fornecedores tradicionais e abrindo espaços aos novos fornecedores. Apostando e ajudando no desenvolvimento, mas mantendo os controles necessários, é importante apoiar todo processo produtivo, e dependendo da situação, até mesmo investir na cadeia produtiva destes fornecedores.

Outra opção e fazer este desenvolvimento com apoio dos grandes fornecedores em um trabalho de parceria, onde eles atuam como “mentores” do pequeno, usando sua expertise para ajudar no desenvolvimento, as vezes fazendo a quarteirização de parte dos serviços.

É importante estar muito claro dentro da organização, com o total apoio da alta diretoria, qual é o percentual do gasto anual (Opex) ou do investimento (Capex) que será destinado a desenvolver fornecedores locais.  Essa prática visa ampliar ou, implantar em alguns casos, uma política social e de diversidade sólida e consistente dentro da companhia.

E o passo mais importante é o do acompanhamento e monitoramento sempre lembrando que a proposta é desenvolver estes fornecedores, para que cresçam, aumentem sua renda, gerem mais empregos e beneficiem toda a cadeia. Este processo de acompanhar exige dedicação, trabalho, indicadores, controles, reuniões frequentes, e muita calma, pois não será de um dia para outro que este crescimento irá acontecer.

Hoje a vantagem de ser Sustentável no processo de Compras, são muitas, dentre elas:

  • Reforço da reputação organizacional
  • Otimização de gastos com recursos e insumos
  • Redução no uso de água e energia elétrica
  • Estimula a inovação
  • Mais confiança pela comunidade em que a empresa está inserida
  • Menor impacto ao meio ambiente e à comunidade
  • Redução na emissão de gases de efeito estufa

Para finalizar, é importante destacar que não é só a área de Compras que precisa ser sustentável,  mas todas as áreas e o principal é ter uma política e missão de valores definidas pela Organização que sejam aderentes ao ESG e aos temas sociais e sustentáveis.

Praticar a sustentabilidade é um processo para toda companhia, as áreas e os colaboradores precisam estar engajadas, além de toda a cadeia produtiva e a sociedade.