Computadores, celulares e gadgets com softwares avançados fazem parte do cotidiano das pessoas. No trabalho, já há alguns anos, robôs entraram em cena como alternativa à mão de obra humana, movimento que começou na indústria com o conceito 4.0.
Mas um novo olhar recai sobre essa relação entre a tecnologia e o homem, tendo como marco o 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia rumo à Indústria 5.0, apresentado pelo Japão em 2016. A ideia principal é integrar humanos e robôs em prol da melhoria da gestão industrial. Enquanto a Indústria 4.0 apresenta expressivos avanços tecnológicos, a 5.0 mostra que a tecnologia não é tudo.
Como de costume, outros setores beberam da mesma fonte e também buscam tirar o melhor proveito desta relação. É o caso da manutenção, que chega gradativamente à sua versão 5.0.
Um exemplo clássico são os softwares de manutenção inteligente, que auxiliam os operadores e técnicos na realização das manutenções tanto preditivas quanto preventivas, que ajudam a evitar problemas e falhas antes mesmo que elas apareçam, evitando a manutenção corretiva – sempre mais custosa.
Como mostra o relatório PWC’s Predictive Maintenance 4.0 – Beyond the Hype: PdM delivers results, publicado em 2018, as empresas europeias que já haviam migrado para a manutenção preditiva diminuíram os custos em 12%, devido à visão sistêmica dos ativos que este modelo possibilita aos gestores, fornecendo dados em tempo real para que as equipes otimizem o planejamento do trabalho, evitando falhas que podem atrasar o cumprimento de prazos e forçar a reprogramação da produção, além de evitar os custos gerados por uma máquina quebrada.
Além dos softwares com algoritmos cada vez mais sofisticados, robôs colaborativos ou sistemas interconectados, como Inteligência Artificial, computação quântica, nanotecnologia, manufatura aditiva, entre outras inovações, compõem o aparato tecnológico da manutenção 5.0.
Contudo, a virada de chave está no entendimento de que inteligência, alta performance e eficiência não dependem apenas de máquinas avançadas. Para isso, é preciso que a força de trabalho humana esteja entre as prioridades. As pessoas precisam desenvolver habilidades e competências para conseguir trabalhar com as informações que os robôs fornecem.
Mais que isso, é necessário que os profissionais se mantenham à altura deste recurso em constante e rápida evolução que é a tecnologia, pois a manutenção 5.0 só se torna efetiva se houver a análise crítica do ser humano, com conhecimento e capacidade técnica para tomar a decisão mais assertiva.
O melhor meio para tanto é desenvolver uma cultura de treinamento e capacitação em um processo de evolução contínua. Cultura essa que deve ser desenvolvida não apenas dentro das organizações, mas pelos próprios profissionais que querem se manter habilitados ao mercado.
A complexidade se torna ainda maior porque estar tecnicamente apto não é mais o suficiente. É preciso reunir diversas competências, inclusive, emocionais. Afinal, é isso que destaca uma das poucas habilidades do homem que as máquinas (por enquanto!) não podem superar: a de ser… humanos.
Embora, a pandemia da Covid-19 tenha impulsionado em muitos sentidos a transformação digital, além de ter rompido alguns pensamentos de companhias que ignoravam a mudança cibernética, nos tornarmos, de fato, um setor nos moldes da Indústria 5.0, mas ainda precisamos superar muitos desafios em uma longa jornada de mudança de mindset e escalabilidade de recursos tecnológicos.
As tendências indicam, contudo, um futuro otimista e proveitoso em que, finalmente, passaremos a utilizar de forma eficiente as soft skills humanas interligadas com o potencial da tecnologia, desenhando um futuro digital e repleto de conexões promissoras.